A colonização foi o objetivo
inicial da imigração no Brasil, visando ao povoamento e à exploração da terra
por meio de atividades agrárias. A criação das colônias estimulou o trabalho
rural. Deve-se aos imigrantes a implantação de novas e melhores técnicas
agrícolas, como a rotação de culturas, assim como o hábito de consumir mais
legumes e verduras. A influência cultural do imigrante também é notável.
História
A imigração teve início no
Brasil a partir de 1530, quando começou a estabelecer-se um sistema
relativamente organizado de ocupação e exploração da nova terra. A tendência
acentuou-se a partir de 1534, quando o território foi dividido em capitanias
hereditárias e se formaram núcleos sociais importantes em São Vicente e
Pernambuco. Foi um movimento ao mesmo tempo colonizador e povoador, pois
contribuiu para formar a população que se tornaria brasileira, sobretudo num
processo de miscigenação que incorporou portugueses, negros e indígenas.
Imigração portuguesa
A criação do governo-geral em
1549 atraiu muitos portugueses para a Bahia. A partir de então, a migração
tornou-se mais constante. O movimento de portugueses para o Brasil foi
relativamente pequeno no século XVI, mas cresceu durante os cem anos seguintes
e atingiu cifras expressivas no século XVIII. Embora o Brasil fosse, no
período, um domínio de Portugal, esse processo tinha, na realidade, sentido de
imigração.
A descoberta de minas de ouro e
de diamantes em Minas Gerais foi o grande fator de atração migratória. Calcula-se
que nos primeiros cinquenta anos do século XVIII entraram só em Minas, mais de
900.000 pessoas.
No mesmo século, registra-se
outro movimento migratório: o de açorianos para Santa Catarina, Rio Grande do
Sul e Amazônia, estados em que fundaram núcleos que mais tarde se tornaram
cidades prósperas.
Os colonos, nos primeiros
tempos, estabeleceram contato com uma população indígena em constante
nomadismo. Os portugueses, embora possuidores de conhecimentos técnicos mais
avançados, tiveram que aceitar numerosos valores indígenas indispensáveis à
adaptação ao novo meio. O legado indígena tornou-se um elemento da formação do
brasileiro. A nova cultura incorporou o banho de rio, o uso da mandioca na
alimentação, cestos de fibras vegetais e um numeroso vocabulário nativo,
principalmente tupi, associado às coisas da terra: na toponímia, nos vegetais e
na fauna, por exemplo. As populações indígenas não participaram inteiramente,
porém, do processo de agricultura sedentária implantado, pois seu padrão de
economia envolvia a constante mudança de um lugar para outro. Daí haver o
colono recorrido à mão de obra africana.
Elemento africano
Surgiu assim o terceiro grupo
importante que participaria da formação da população brasileira: o negro
africano. É impossível precisar o número de escravos trazidos durante o período
do tráfico negreiro, do século XVI ao XIX, mas admite-se que foram de cinco a
seis milhões. O negro africano contribuiu para o desenvolvimento populacional e
econômico do Brasil e tornou-se, pela mestiçagem, parte inseparável de seu
povo. Os africanos espalharam-se por todo o território brasileiro, em engenhos
de açúcar, fazendas de criação, arraiais de mineração, sítios extrativos,
plantações de algodão, fazendas de café e áreas urbanas. Sua presença
projetou-se em toda a formação humana e cultural do Brasil com técnicas de
trabalho, música e danças, práticas religiosas, alimentação e vestimentas.
Espanhóis, franceses, judeus
A entrada de estrangeiros no
Brasil era proibida pela legislação portuguesa no período colonial, mas isso
não impediu que chegassem espanhóis entre 1580 e 1640, quando as duas coroas
estiveram unidas; judeus (originários, sobretudo da península ibérica),
ingleses, franceses e holandeses. Esporadicamente, viajavam para o Brasil
cientistas, missionários, navegantes e piratas ingleses, italianos ou alemães.
Imigração no século XIX
A imigração propriamente dita
verificou-se a partir de 1808, vésperas da independência, quando instalou-se um
permanente fluxo de europeus para o Brasil, que se acentuou com a fundação da
colônia de Nova Friburgo, na província do Rio de Janeiro, em 1818, e a de São
Leopoldo, no Rio Grande do Sul, em 1824. Dois mil suíços e mil alemães
radicaram-se no Brasil nessa época, incentivados pela abertura dos portos às
nações amigas. Outras tentativas de assentar irlandeses e alemães,
especialmente no Nordeste, fracassaram completamente. Apesar de autorizada a
concessão de terras a estrangeiros, o latifúndio impedia a implantação da
pequena propriedade rural e a escravidão obstaculizava o trabalho livre
assalariado.
Na caracterização do processo de
imigração no Brasil encontram-se três períodos que correspondem respectivamente
ao auge, ao declínio e à extinção da escravidão.
O primeiro período vai de 1808,
quando era livre a importação de africanos, até 1850, quando decretou-se a
proibição do tráfico. De 1850 a 1888, o segundo período é marcado por medidas
progressivas de extinção da escravatura (Lei do Ventre Livre, Lei dos
Sexagenários, alforrias e, finalmente, a Lei Áurea), em decorrência do que as
correntes migratórias passaram a se dirigir para o Brasil, sobretudo para as
áreas onde era menos importante o braço escravo. O terceiro período, que durou
até meados do século XX, começou em 1888, quando, extinta a escravidão, o
trabalho livre ganhou expressão social e a imigração cresceu notavelmente, de
preferência para o Sul, mas também em São Paulo, onde até então a lavoura
cafeeira se baseava no trabalho escravo.
Após a abolição, em apenas dez anos (de 1890 a 1900) entraram no Brasil mais de 1,4 milhão de imigrantes, o dobro do número de entradas nos oitenta anos anteriores (1808-1888).
Acentua-se também a diversificação por nacionalidades das correntes migratórias, fato que já ocorria nos últimos anos do período anterior. No século XX, o fluxo migratório apresentou irregularidades, em decorrência de fatores externos -- as duas guerras mundiais, a recuperação europeia no pós-guerra, a crise nipônica -- e, igualmente, devido a fatores internos. No começo do século XX, por exemplo, assinalou-se em São Paulo uma saída de imigrantes, sobretudo italianos, para a Argentina. Na mesma época verifica-se o início da imigração nipônica, que alcançaria, em cinquenta anos, grande significação. No recenseamento de 1950, os japoneses constituíam a quarta colônia no Brasil em número de imigrantes, com 10,6% dos estrangeiros recenseados.
Distribuição do imigrante
Distinguem-se dois tipos de distribuição do imigrante no país, com efeitos nos processos de assimilação. Pode-se chamar o primeiro tipo de "concentração", em que os imigrantes se localizam em colônias, como no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Nesse caso, os imigrantes não mantêm contato, nos primeiros tempos, com os nacionais, mas a aproximação ocorre à medida que a colonização cresce e surge a necessidade de comercialização dos produtos da colônia. O segundo tipo, que se pode chamar de "dispersão", ocorreu nas fazendas de café de São Paulo e nas cidades, principalmente Rio de Janeiro e São Paulo.
Após a abolição, em apenas dez anos (de 1890 a 1900) entraram no Brasil mais de 1,4 milhão de imigrantes, o dobro do número de entradas nos oitenta anos anteriores (1808-1888).
Acentua-se também a diversificação por nacionalidades das correntes migratórias, fato que já ocorria nos últimos anos do período anterior. No século XX, o fluxo migratório apresentou irregularidades, em decorrência de fatores externos -- as duas guerras mundiais, a recuperação europeia no pós-guerra, a crise nipônica -- e, igualmente, devido a fatores internos. No começo do século XX, por exemplo, assinalou-se em São Paulo uma saída de imigrantes, sobretudo italianos, para a Argentina. Na mesma época verifica-se o início da imigração nipônica, que alcançaria, em cinquenta anos, grande significação. No recenseamento de 1950, os japoneses constituíam a quarta colônia no Brasil em número de imigrantes, com 10,6% dos estrangeiros recenseados.
Distribuição do imigrante
Distinguem-se dois tipos de distribuição do imigrante no país, com efeitos nos processos de assimilação. Pode-se chamar o primeiro tipo de "concentração", em que os imigrantes se localizam em colônias, como no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Nesse caso, os imigrantes não mantêm contato, nos primeiros tempos, com os nacionais, mas a aproximação ocorre à medida que a colonização cresce e surge a necessidade de comercialização dos produtos da colônia. O segundo tipo, que se pode chamar de "dispersão", ocorreu nas fazendas de café de São Paulo e nas cidades, principalmente Rio de Janeiro e São Paulo.
Nessas áreas, o imigrante, desde
a chegada, mantinha-se em contato com a população nacional, o que facilitava
sua assimilação.
Os principais grupos de imigrantes
no Brasil são portugueses, italianos, espanhóis, alemães e japoneses, que
representam mais de oitenta por cento do total. Até o fim do século XX, os
portugueses aparecem como grupo dominante, com mais de trinta por cento, o que
é natural, dada sua afinidade com a população brasileira. São os italianos, em
seguida, o grupo que tem maior participação no processo migratório, com quase
trinta por cento do total, concentrados, sobretudo no estado de São Paulo, onde
se encontra a maior colônia italiana do país. Seguem-se os espanhóis, com mais
de dez por cento, os alemães, com mais de cinco, e os japoneses, com quase
cinco por cento do total de imigrantes.
Contribuição do imigrante
No processo de urbanização, assinala-se a contribuição do imigrante, ora com a transformação de antigos núcleos em cidades (São Leopoldo, Novo Hamburgo, Caxias, Farroupilha, Itajaí, Brusque, Joinville, Santa Felicidade etc.), ora com sua presença em atividades urbanas de comércio ou de serviços, com a venda ambulante, nas ruas, como se deu em São Paulo e no Rio de Janeiro.
No processo de urbanização, assinala-se a contribuição do imigrante, ora com a transformação de antigos núcleos em cidades (São Leopoldo, Novo Hamburgo, Caxias, Farroupilha, Itajaí, Brusque, Joinville, Santa Felicidade etc.), ora com sua presença em atividades urbanas de comércio ou de serviços, com a venda ambulante, nas ruas, como se deu em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Outras colônias fundadas em
vários pontos do Brasil ao longo do século XIX se transformaram em importantes
centros urbanos. É o caso de Holambra SP, criada pelos holandeses; de Blumenau
SC, estabelecida por imigrantes alemães liderados pelo médico Hermann Blumenau;
e de Americana SP, originalmente formada por confederados emigrados do sul dos
Estados Unidos em consequência da guerra de secessão. Imigrantes alemães se
radicaram também em Minas Gerais, nos atuais municípios de Teófilo Otoni e Juiz
de Fora, e no Espírito Santo, onde hoje é o município de Santa Teresa.
Em todas as colônias, ressalta
igualmente o papel desempenhado pelo imigrante como introdutor de técnicas e
atividades que se difundiram em torno das colônias. Ao imigrante devem-se ainda
outras contribuições em diferentes setores da atividade brasileira.
Uma das mais significativas
apresenta-se no processo de industrialização dos estados da região Sul do país,
onde o artesanato rural nas colônias cresceu até transformar-se em pequena ou
média indústria. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, imigrantes enriquecidos
contribuíram com a aplicação de capitais nos setores produtivos.
A contribuição dos portugueses
merece destaque especial, pois sua presença constante assegurou a continuidade
de valores que foram básicos na formação da cultura brasileira.
Os franceses influíram nas
artes, literatura, educação e nos hábitos sociais, além dos jogos hoje
incorporados à lúdica infantil. Especialmente em São Paulo, é grande a
influência dos italianos na arquitetura. A eles também se deve uma pronunciada
influência na culinária e nos costumes, estes traduzidos por uma herança na área
religiosa, musical e recreativa.
Os alemães contribuíram na
indústria com várias atividades e, na agricultura, trouxeram o cultivo do
centeio e da alfafa. Os japoneses trouxeram a soja, bem como a cultura e o uso
de legumes e verduras. Os libaneses e outros árabes divulgaram no Brasil sua
rica culinária.
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